Franz Kafka e Evangelização?


Você deve estar se perguntando o que tem haver evangelização com o escritor Tcheco Franz Kafka? Apesar de ser filho de uma família judia, o escritor não foi cristão e nem escreveu livros a respeito? Aonde ocorreria a ligação entre os dois afinal?

O que me chamou a atenção em Kafka foi um livro que ele escreveu em 1920 e foi publicado em 1925. O romance O Processo. Para que você entenda, aonde quero chegar, primeiro tenho que lhe falar a respeitos dos equívocos que frequentemente acontecem, com pessoas mal informadas, porém bem intencionadas, que tentam evangelizar as pessoas, com base no que elas mesmas acham certo ou no que funcionou com elas.

Quando não havia me convertido, tinha uma tia que sempre quando me via, vinha com a Bíblia debaixo do braço, me dizer que eu era pecador, que tinhas muitos pecados e que Cristo havia morrido na cruz por causa de mim; que devia urgentemente pedir perdão a Deus e aceitar a Jesus como salvador da minha vida, ou a mesma estaria arruinada! Eu ouvia aquilo, mas não entendia nada, e em vez de me sensibilizar, causava em mim, certa repulsa por causa destas palavras.

Sempre pensava comigo: Como uma pessoa morreu na Cruz, pelos meus pecados, sendo que nem mesmo havia nascido na época em que esta pessoa morreu? Como esta pessoa pode me imputar um assassinato que não participei e não tive nada haver com ele? Como imputar vários crimes e pecados, só pelo fato de eu existir? É aqui que a coisa se cruza com o pensamento de Kafka.

Em seu livro O Processo, o personagem Josef K, era uma pessoa exemplar: Tinha um emprego, vivia bem e aparentemente não cometia nada que a sociedade considerasse ilícito. De repente, ele era jogado na prisão, sem direito a defesa; pessoas vinham acusa-lo, mas a mesmas que o acusavam, não sabiam ao certo o motivo da sua prisão; mas mesmo assim, ele não tinha direito a nada e nem defesa! Foi acuado em um canto e transformado na escória do mundo! Viu alguma semelhança com a situação acima?

Bem, não foi só você que percebeu a relação entre os dois. Eu me sentia da mesma forma que Josef K, quando uma pessoa que usa esta forma de evangelizar, com o dedo acusador apontado para a minha cara, vinha tentar me convencer, falando dos supostos "crimes" que havia cometido, sem direito a defesa, e que deveria entregar a minha vida imediatamente ou morreria nos “Amargos porões do Inferno". Talvez por Kafka vir de uma descendência Judia, possivelmente ele tinha algum contato com o Cristianismo e suas pragmatizações. Talvez ele mesmo, não entendesse como funcionava o Cristianismo, e este mundo de imputar crimes a pessoas, que supostamente não os cometeram; a fim de convencê-las do seu pequeno valor perante Deus. Talvez este, seja um motivo para ele satirizar esta situação em seu livro, e muitas pessoas se identificarem com ele.

A meu ver, a forma que se usa para evangelizar uma pessoa, tem um enorme peso se a mesma vai se comover e aceitar aquelas ideias, ou simplesmente irá ignora-las por completo; causando repulsa sobre o assunto na mesma. Esta forma de evangelização deve ser repensada. No meu caso, aceitei a Cristo, não por causa da minha Tia, mas sim, por intermédio de outro evangelista, que me ensinou primeiramente, que Deus me amou e me ama, e que Cristo quer me tirar do pecado, porque também me ama. Tudo era uma questão de amá-los para que fosse salvo. Amor por amor.

Nós Cristãos, devemos ter muito cuidado, ao conversar com as pessoas que estão distante do Senhor, pois nossas palavras tem muito peso na decisão que a pessoa vai tomar em sua vida. Isto de vir logo, imputando crimes e pecados a estas pessoas, causa constrangimento nelas e às vezes, podem até afasta-las ainda mais de Deus. Dizê-las que as mesmas já tem uma dívida para com Deus, e que seu processo já esta correndo nos "Tribunais Celestiais" se aproxima muito do que o livro de Kafka Satiriza, e a primeira reação da pessoa é pensar: Saia daqui! Eu não cometi pecado algum! E isto é mal.

Devemos levar para os que estão ainda distantes do senhor - Digo AINDA, pois acredito que todos os seres humanos reconhecerão que Jesus é o salvador do mundo! - palavras de amor e consolo em um primeiro momento; para só depois, e só depois, falar das questões do evangelho e salvação propriamente dita (As questões mais complexas). O que está escrito em (PROVÉRBIOS 15:1) é: "A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira". Não causemos a ira das pessoas, com formas inadequadas de evangelização; pois do contrário, estaremos dando a Satanás, argumentos precisos para tirar as mesmas do caminho do senhor, tornando este livro, O Processo, uma poderosa fonte de fundamentação para os seus argumentos mentirosos. Que nós tenhamos a sabedoria de trazer pessoas para a presença de Deus, sem estes artifícios "Terroristas" com base no medo e na culpa para convencê-las de que Deus é maior. Aprendamos a evangelizar com base no amor e não no medo.

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